Dentre as transparências de minha professora de português, Dona Loose bruxa e rockeira, achei um texto um tanto notável. Aula de parnasianismo. Um movimento literário do final do séc. XIX onde os caras tinhas paixões platônicas por vasos de múltiplas nacionalidades e faziam maçantes descrições sobre eles, comendo palavras e sendo mais formais que o português de Camões na pré-história, enquanto ocorria a Proclamação da República e a Abolição da Escravatura e inúmeros fatos histórias interessantes de merecido relato.
Bom, esse texto aí de baixo não tem nada a ver com parnasianismo, graças ao lá de cima, só descobri ele através dessa aula por que seu autor reescrevia os textos parnasianos e tirava um sarro bem tirado deles. Seu autor é Juó Bananere. É pré-modernista (pra quem não sabe, isso só significa algumas luas depois do parnasianismo e algumas luas antes da semana de arte moderna de 22).
É Brasileirinho, nasceu na cidade de nome Pindamonhangaba (aquela cidade que você dava um nó de marinheiro na língua pra pronunciar quando pirralhinho, junto com otorrinolaringologista e papibaquígrafo). Após algumas e agora muitas luas foi viver em Sampa, no Bom Retiro, e estudar justamente e concidentemente no prédio Hipólito Pujol; onde eu, Heloisa Evelyn, atualmente gasto minhas manhãs aprendendo sobre como surgiu o ânus da estrela-do-mar e à tarde como montar uma locadora e falir em 3 dias, no tempo da mamãe ou da vovó, foi a Escola Politécnica da Usp, escola de engenharia que se Exú permitir vou estar ano que vem. Desde o começo da explicação da Dona Loose tive uma empatia com ele, pois não bastando a concidência dele estudar no Bom Retiro no mesmo prédio, ser engenheiro, há uma outra escondida e que tanto a ele quanto a mim, nos toca no fundo do peito, atrás do silicone; ela está entre as linhas do texto a seguir, vam’bora?
Caricatura de Juó Bananère desenhada por Lemmo Lemmi (Voltolino) (acima)
(Língua do Texto: Português macarrônico, que é uma mistura de português, italiano e um pouco de espanhol. Dizem que ele inventou tal por que vivia dentre os imigrantes do Bom Retiro. O Bananão devia ter neurônios muito irreverentes pra inventar o tal macarrônico, não é?)
O studenti du Bó Ritiro
poisia patriotica
Premiata c’oa medaglia di pratina na insposiçó daXéca-Slovaca i c’oa medaglia di brigliantina nasposiçó internazionale da Varzea du Carmo (claro que é mentira, hohoho!)
Antigamente a scuola era rizogna e franga;
Du veglio professora a brutta barba branga,
Apparecia un cavagnac da relia,
Che pugna rispetto inzima a saparia.
O maestro éra um veglio bunitigno,
I a scuóla era no Bellezigno,
Di tarde inveiz, quano cavaba a scuola,
Marcáno o passo i abaténo a sola,
Tutto pissoalo iva saino in ligna,
Uguali como un bando di pombigna.
Ma assi chi a genti pigliava o portó,
Incominciava a insgugliambaçó;
Tuttos pissoalo intó adisparava,
I iva mexeno c’oa genti chi passava.
Oggi inveiz stá tutto mudado!
O maestro é um uómo indisgraciado,
Che o pissoalo sta molto chétamente
E illo giá quere dá na gente.
Inveiz um dí intrô na scuóla um rapazigno
Co typio uguali d’um intalianigno,
O perfilo inergico i o visagio bello.
Come a virgia du pittore Rafaello.S
tava vistido di lutto acarregado,
Du paio chi murreu inforgado.
O maestro chamô elli un dia,
I priguntô: – Vuce sabe giograffia?
Caricatura de Juó Bananère desenhada por Lemmo Lemmi (Voltolino) (acima)
(Língua do Texto: Português macarrônico, que é uma mistura de português, italiano e um pouco de espanhol. Dizem que ele inventou tal por que vivia dentre os imigrantes do Bom Retiro. O Bananão devia ter neurônios muito irreverentes pra inventar o tal macarrônico, não é?)
O studenti du Bó Ritiro
poisia patriotica
Premiata c’oa medaglia di pratina na insposiçó daXéca-Slovaca i c’oa medaglia di brigliantina nasposiçó internazionale da Varzea du Carmo (claro que é mentira, hohoho!)
Antigamente a scuola era rizogna e franga;
Du veglio professora a brutta barba branga,
Apparecia un cavagnac da relia,
Che pugna rispetto inzima a saparia.
O maestro éra um veglio bunitigno,
I a scuóla era no Bellezigno,
Di tarde inveiz, quano cavaba a scuola,
Marcáno o passo i abaténo a sola,
Tutto pissoalo iva saino in ligna,
Uguali como un bando di pombigna.
Ma assi chi a genti pigliava o portó,
Incominciava a insgugliambaçó;
Tuttos pissoalo intó adisparava,
I iva mexeno c’oa genti chi passava.
Oggi inveiz stá tutto mudado!
O maestro é um uómo indisgraciado,
Che o pissoalo sta molto chétamente
E illo giá quere dá na gente.
Inveiz um dí intrô na scuóla um rapazigno
Co typio uguali d’um intalianigno,
O perfilo inergico i o visagio bello.
Come a virgia du pittore Rafaello.S
tava vistido di lutto acarregado,
Du paio chi murreu inforgado.
O maestro chamô elli un dia,
I priguntô: – Vuce sabe giograffia?
– Come nó!? Se molto bê si signore.
–Intó mi diga – aparlô o professore,
–Quale é o maiore distritto di Zan Baolo? (São Paulo)
– O maiore distrito di Zan Baolo
– O maiore distrito di Zan Baolo
,O maise bello e ch’io maise dimiro
É o Bó Ritiro.
O maestro furioso di indignaçó,
Batte com nergia u pé nu chó,
I gritta tutto virmeligno:
– O migliore distrito é o Billezigno.
Ma u aguia du piquenu inveiz,
Coa brutta carma disse otraveiz:
– O distritto che io maise dimiro,
O maestro furioso di indignaçó,
Batte com nergia u pé nu chó,
I gritta tutto virmeligno:
– O migliore distrito é o Billezigno.
Ma u aguia du piquenu inveiz,
Coa brutta carma disse otraveiz:
– O distritto che io maise dimiro,
É o Bó Ritiro!
Alivantô da mesa come un furacó,
I pigano un mappa du BraizDisse:
Mostre o Bó Ritiro aqui si fô capaiz!
Aóra o piqueno tambê si alevantô
I batêno a mon inzima o goraçó,
Disse: – O BÓ RITIRO STÁ AQUI!
Bonitinho, né? De pegar o lencinho. Trazendo ao meu contexto agora, aquele bairro e aquela escola (que apesar de termos que varrer o chão por o Serra esqueceu de mandar faxineiras enquanto lixava suas unhas e ficarmos frequentemente sem luz, água e outras necessidades, a Etesp é um ópio). Já revelada a última misteriosa coincidência, não posso deixar de descrever um pouco o nosso amado lugar, pois é o último ano que passo lá.
"Construções antigas e de tinta descascada. Rua Três Rios e suas travessas. Botecos de esquina onde os alunos de vez em sempre matam aula pra ver o jogo do campeonato, ou só pra tomar uma cerveja disfarçando ser da FATEC, a faculdade. As inúmeras docerias como a Burikita (bolos de aumentar em 50% seu tecido aditivo, conhecido como pneu) e o famoso Bolachão (onde há todos os ingredientes da sua receita de gastrite crônica). Lan Houses com sorveterias, restaurantes por kilo ou o popular paga R$7,50 e divide com o estranhop do seu lado (O bem freqüentado “Destilado”, que quando você mira o teto está a piadinha “ E d’outro lado?” ou pastelão na Correia de Mello (A “Gostosa”), aprovado 100% no ISO 5488599 (Eficácia em aumentar colesterol). Restaurantes coreanos na Rua da Graça (que recentemente foram acusados de vender carne de cachorro). Lojas de tecido a metro. A Dona “Zépa” que vende os vestidos de festa a preço de banana. A Igreja, onde às quintas-feiras depois de exercitar meu corpinho sedentário (Ed. Fís.) e suar feito um pato, eu comprava uma Coca e um Doritos e aproveitava as vantagens católicas de ter um pé direito gigante no verão. A Polícia, onde eu fiz Ed. Fís. E aprendi que às vezes é necessário vacinar cavalos por que eles tem cólicas piores que as minhas na época do chico. Tá, assumo que também me divertia ao ver os polícias provido de músculos jogando basquete.O Museu de Arte Sacra e aquele maquete animal da época da decadência do feudalismo que tem bonecos de olhos de vidro. Uma mistura de nacionalidades incrível: Italianos, judeus, coreanos e todos influenciando o modo de vida daquele lugar!"
Sim, se o meu professor de geografia pesasse 50 quilogramas, trouxesse aspargos embrulhados no papel toalha e possuísse certos problemas de opressão por traumas passados de ter suas tarântulas afogadas na privada por sua tia nazista; e ele me pedisse pra mostrar o Bom Retiro "se eu fosse capaz", diria: O BÓ RITIRO STÁ AQUI! (I batêno a mon inzima o meu goraçónzinhu! HEHE!)
Mais Bananere Bananão Babnanóvski.
¨Manifestu da a legió Inrevoluzionaria¨:
1. U brasile é unico e invisive.
2. U tipu sociali braziliano é uma mistura di terra, di ingonomia e di storia.
3. U Brasile stá sitoado nu meio do o Mondo.
4. U uómo brasiliêre é figlio di tuttas razza: negro, indio, macaco, intaliano, ingreiz, turco, cearensi, pernanbugano, gauxo, afrigano i allamó.(Nota du traduttóre - Grazias a deuse io sô intaliano i sô figlio di mio paio i di mia máia i di maise ninguê)
5. Inzisti una tradiçó morale braziliana chi é priciso adisgobri. Vamos apricurá.
Alivantô da mesa come un furacó,
I pigano un mappa du BraizDisse:
Mostre o Bó Ritiro aqui si fô capaiz!
Aóra o piqueno tambê si alevantô
I batêno a mon inzima o goraçó,
Disse: – O BÓ RITIRO STÁ AQUI!
Bonitinho, né? De pegar o lencinho. Trazendo ao meu contexto agora, aquele bairro e aquela escola (que apesar de termos que varrer o chão por o Serra esqueceu de mandar faxineiras enquanto lixava suas unhas e ficarmos frequentemente sem luz, água e outras necessidades, a Etesp é um ópio). Já revelada a última misteriosa coincidência, não posso deixar de descrever um pouco o nosso amado lugar, pois é o último ano que passo lá.
"Construções antigas e de tinta descascada. Rua Três Rios e suas travessas. Botecos de esquina onde os alunos de vez em sempre matam aula pra ver o jogo do campeonato, ou só pra tomar uma cerveja disfarçando ser da FATEC, a faculdade. As inúmeras docerias como a Burikita (bolos de aumentar em 50% seu tecido aditivo, conhecido como pneu) e o famoso Bolachão (onde há todos os ingredientes da sua receita de gastrite crônica). Lan Houses com sorveterias, restaurantes por kilo ou o popular paga R$7,50 e divide com o estranhop do seu lado (O bem freqüentado “Destilado”, que quando você mira o teto está a piadinha “ E d’outro lado?” ou pastelão na Correia de Mello (A “Gostosa”), aprovado 100% no ISO 5488599 (Eficácia em aumentar colesterol). Restaurantes coreanos na Rua da Graça (que recentemente foram acusados de vender carne de cachorro). Lojas de tecido a metro. A Dona “Zépa” que vende os vestidos de festa a preço de banana. A Igreja, onde às quintas-feiras depois de exercitar meu corpinho sedentário (Ed. Fís.) e suar feito um pato, eu comprava uma Coca e um Doritos e aproveitava as vantagens católicas de ter um pé direito gigante no verão. A Polícia, onde eu fiz Ed. Fís. E aprendi que às vezes é necessário vacinar cavalos por que eles tem cólicas piores que as minhas na época do chico. Tá, assumo que também me divertia ao ver os polícias provido de músculos jogando basquete.O Museu de Arte Sacra e aquele maquete animal da época da decadência do feudalismo que tem bonecos de olhos de vidro. Uma mistura de nacionalidades incrível: Italianos, judeus, coreanos e todos influenciando o modo de vida daquele lugar!"
Sim, se o meu professor de geografia pesasse 50 quilogramas, trouxesse aspargos embrulhados no papel toalha e possuísse certos problemas de opressão por traumas passados de ter suas tarântulas afogadas na privada por sua tia nazista; e ele me pedisse pra mostrar o Bom Retiro "se eu fosse capaz", diria: O BÓ RITIRO STÁ AQUI! (I batêno a mon inzima o meu goraçónzinhu! HEHE!)
Mais Bananere Bananão Babnanóvski.
¨Manifestu da a legió Inrevoluzionaria¨:
1. U brasile é unico e invisive.
2. U tipu sociali braziliano é uma mistura di terra, di ingonomia e di storia.
3. U Brasile stá sitoado nu meio do o Mondo.
4. U uómo brasiliêre é figlio di tuttas razza: negro, indio, macaco, intaliano, ingreiz, turco, cearensi, pernanbugano, gauxo, afrigano i allamó.(Nota du traduttóre - Grazias a deuse io sô intaliano i sô figlio di mio paio i di mia máia i di maise ninguê)
5. Inzisti una tradiçó morale braziliana chi é priciso adisgobri. Vamos apricurá.
2 comentários:
Querida Helô
Gostei muito do seu texto. Você tem um jeito vibrante e original de escrever (que eu já conhecia dos artigos nos jornais do Grêmio). Legal que alguma coisa nas minhas aulas crie impacto.
Com certeza vou ler mais no seu blog, já que parece ser interessante, eu nem sabia que estrela do mar tinha anus...
beijinhos e bênçãos
Da Professora, bruxa e rockeira
Sílvia Loose
Oi, amiga!
Eu adorei o texto, como adoro tudo oq você faz!
Beijoooos, Anna Carolina;
Postar um comentário