quarta-feira, 24 de dezembro de 2008
" O Desafinado" - biografia
CAP. I – MISTURA DE LIQUIDIFICADOR.
Sou resultado de uma batida de liquidificador. A primeira fruta era um cara inglês que, aos 7 anos, pedia um frango assado de presente de natal. A segunda fruta veio de outro mix, um polonês e uma alemã; na época em que o Hitler bateu a cabeça e quis matar todo mundo. Depois de maduras, essas frutas foram batidas e assim eu nasci.
Todos ainda muito pobres tiveram de alugar um quarto de um cortiço e viver de pão e sopa, eu lembro que tudo era muito bege e preto e sujo; e a cortina era cheia de rendinhas. Nesta época, minha irmã era da tribo dos Ianomâmis em algum lugar da América Central.
CAP. II – DE 10 CENTAVOS A 1 BILHÃO DE DÓLARES.
Em meio a fezes, urina e gente feia (Praia Grande), fazendo o pobre ‘bate e volta’ de verão, meu pai e eu brincávamos de caça ao tesouro no mar. Dois homens pequenos, gordinhos e com rinite contam a partida, quem achar o queijo coalho ganha! E come.
UM, DOIS, TRÊS! E... De imediato suas grandes barrigas batem numa gosma viscosa preta (mais conhecida como petróleo). Achando que era coca-cola, colocam tudo na mochila e nadam até a costa. Um velho, rico, por sua vez também gordo, com dez mulheres bronzeadas e gostosas que lhe dão de comer cachos de uvas roxas, deitado no seu divã de praia, olha no binóculo toda aquela brincadeira. Resolve interceder.
- Entonces ustedes lograram el petrólio, no? Soy por ora Zé, por ora Ricardo, por ora Zé Ricardo. Que tal abrir una fabrica de plasticos?
Depois de um dia cotidiano na Praia Grande, meu pai resolveu a abrir uma fábrica de plásticos com o estrangeiro, assim ganhou muitos dólares, vinhos e caviares.
Minha mãe era a Tiradentes do cortiço, usava um banheirinho abandonado para tirar a dor dos moradores, ela perguntava: - Doeu? Enquanto os pacientes segurando nas suas pernas, soavam como cachoeiras e de suas bocas escorria sangue...
CAP. III – A FASE DO MEDO
Mudamos de vida, compramos uma mansão de três andares na Zona Sul e aos sábados comíamos no restaurante francês. Minha mãe, que era a mais inteligente do cortiço, estudou na Universidade da Nossa Cidade e virou uma odontóloga. Comprou um consultório e contratou pessoas, montando sua própria fábrica de dentaduras.
Agora a família era empresária; menos eu, que freqüentava a Escola Alemã de Artes e Tecnologia, de gravatinha e gelzinho no meu ex-cabelo amarelo. Andava por corredores escuros que me engoliam, de altura 20 vezes maior que eu com retratos de suásticas distorcidas. A música tinha um pacto com o demônio. Só tinham professores homens e todos gordos e dentuços. Só tinha coleguinhas homens também, foi nessa época que virei São Paulino. 7 aos 11 anos. Uma fase de medo, com poucas palavras e muitas imagens.
CAP. IV – A FASE PORCA
Depois veio a fase porca. Eu ficava em frente à TV de 29 polegadas, plana, LCD, e eteceteras tecnologias vendo desenhos porcos ou seriados americanos. Conclusão, voltei a ser gordo. Comprava muita pipoca com cheddar, Mc, Coca Cola, Leite Condensado e me divertia. Nessa fase, contribui com o aquecimento global, pois meus gases eram ensurdecedoramente legais! Quando eu não arrotava na frente das amigas da mamãe ou vomitava no sócio estrangeiro do papai, jogava meu Play 3 que ganhei do Dono da Play Station. Eu passava madrugadas inteiras nele, sem fechar os olhos que ficavam com pequnos capilares vermelhos, parecia um possuído.
Meus amiguinhos eram porcos como eu. Eles vinham em casa e planejávamos ter um negócio, o: ANUBIS CORPORATION s/a, que venderia desde chupetas até limusines. Nossos empregados seriam fantoches com chips programados para trabalhar para sempre. Eu também queria dominar o mundo. Fase de grandes prazeres e depressões.
CAP. V - PLUBERDADE OU ABORRECÊNCIA
Cansei de gordinho nojento e virei sexy. Comecei academia. Comecei a trabalhar com o papai. Comecei a ser popular na escola. Comecei a pegar garotinhas. Ir em baladinhas. Começaram a nascer crateras no meu rosto. Ele começou a alagar de óleo de girassol. Comecei a escutar musiquinhas de baixo nível e aprendi a dançar o Rebolation (e coloquei no You Tube). Gostava de usar roupas de surfista e conversar no MSN. Conheci uma menina de cabelos brancos e de ossuda na academia. Comecei a namorá-la. Ela não comia, falava no agudo e me ligava pra saber se comprava o sapado rosa com listras ou rosa com bolinhas; acho que namorava só para o meu tempo vago, pois no meu tempo ocupado trabalhava na multinacional do papai como motoboy.
CAP. VI – ADULTICE AGUDA
Fui promovido e hoje sou secretário do Sub-gerente Geral de Faxineiras, ganho 200 reais e mais 50 se eu bater a meta: “Combatendo os protozoários com uma vassoura”. Assim, posso pagar o alpiste da minha namorada, que atualmente é uma que encontrei jogando baralho no hospício. Eu a amo! Por isso a retirei do hospício e estou criando-a numa gaiola em casa. A gaiola fica destrancada, pois não sou um cara ciumento.
Quando era São Paulino aplicava na poupança. Cresci, agora palmeirense, aplico na Bolsa, essa que, por sua vez, sempre cai na minha cabeça! Estou lendo “7 dicas para a Eficácia” e 7 vezes li o “Monge e o Executivo”, mas até o fim do mês leio 15x. Quero ser o Roberto Justos, teruma casa de ouro e se possível, a REDE GOLBO DE TELEVISÃO.
MAKING OFF:
- Adeus, meu filho! Cadê a plebe que estava aqui?
- Lembranças de mim, Vassalagem!
- Saudades, quer que eu mande uma foto?
- É BURRA, isso sim, burra e fútil!
- Quem não faz poeira, COME! Esgasga e morre!
- Queria ser meu espelho.
- Orgulhoso, quem? A Iguana?
- Suas desculpas perpetuam sua mediocridade!
- Suuuua... EXDRÚXULA!!!
- Ignorante? Quem? Sei lá o nome do meu papagaio!
- Bater metas, metas, metas.
- Ai, CARALHO! Minha espinha dorsal!
- Isso aqui é um circo? SUINAGEMM!
- Bebedouro? O que é isso?
- Meu caviar, BELUGAAAAA!
"UHH, QUE LOUCURA!" - diz Heloisa
Frase da Semana: No peito dos desafinados também bate um coração.
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3 comentários:
Dá até medo esse "Desafinado" bambi porquinho...
(será que exagerei ou 37 é um número de sorte?)
Que tal atualizar esse blogZINHO???
hehhe
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