Caros leitores,
Tenho uma notícia de exímia importância: EU SAI DO TEATRO.
Se você está pensando: Sabia que ela não aguentaria o tranco ou é que o mosquitinho do teatro não picou ou enfim ela decidiu estudar física quântica e fazer mecâtronica; pode pegar uma agulha bem pontuda e estourar o seu balãozinho de pensamento, pois não cedi ao sistema.
Tudo começou num cursinho pré-vestibulinho de agosto a novembro do ano passado, que eu fiz para entrar no colégio que estudo hoje; nesta época precisei faltar alguns dias nos ensaios, pois batia com o horário do cursinho e eu não conseguiria acompanhar. Graças a São Longuinho, o diretor da Etesp achou minha prova bonita e me passou. Só que lá, para ser uma ótima escola, eles precisam passar muitos trabalhos e lições de casa difíceis e demorados, que é quase impossível de fazer ensaiando segunda, quarta e sexta o dia inteiro, mais os Fins de Semana. Resumindo toda essa baboseira, queria tempo para estudar direito.
Segundo motivo: presentear a si mesmo sempre é bom para sua auto-estima, e estava com vontade de me presentear tempo para não fazer nada. O famoso ócio dos gregos. Sabe o nada? Sabe, né!!! E aposto que você adora! Coisas como cochilar, assistir à Sessão da Tarde e chamar os comer brigadeiro na panela com coca assistindo Friends, ainda não fiz, mas está anotado na minha agenda de outubro.
Terceiro Motivo: Vontade de fazer outras besteiras, pois se você faz teatro no grupo em que eu estava, você SÓ faz teatro; queria poder ler umas poesias, escrever num diário, ver mais filmes (cults e enlatados), ver mais os amigos etecetracoisasfúteisetais... E eu tenho uma utopia que a apelido esperançosamente de sonho, que é até meus 25 anos falar: Inglês (speak sosososo), francês, alemão, español (hablo bien MAL!) e mandarim (do jeito que eu mudo de idéia daqui a pouco tô falando crioulo, ou a língua dos xiitas, mas;) O que tem tudo a ver com a minha área, o jornalismo; e que, mais uma vez, necessita tempo.
Pra dizer adeus (mas não para dizer jamais, como na musiquinha dos Titãs) , cito algumas palavras de minha encantadora peça que dirá mais da dor do que eu mesmo:
" O sol estava baixo e gelado. Uma voz ecoava no meu ouvido: volte para casa e aprenda sobre a vida. Deite em sua cama e pense nos amigos, fumando, bebendo, escrevendo, jogando, aprendendo, amando e sendo. Parece que todo tempo nós estamos esperando por um tipo de sorriso, todo tempo os filmes falam sobre as nossas vidas. Um dia eu comprarei uma casa, e nessa casa haverão alguns cachorros, gatos, passarinhos e amigos. Amigos estarão lá e trarão dias doces! Não. Eu não devo me enganar, desta vez não. Todos estão sorrindo e eu mais uma vez paraço não entender o que realmente se passa. Havia uma porta. Eu fiquei me perguntando se o que todos os outros encontraram eu também iria encontar. Talvez eu vá mais longe do que eles. talvez eu viaje para outros lugares. Me case, tenha filhos, um marido perfeito, carros, roupas,m uma religião, pessoas... Continuo a apontar as mesmas coisas de antes, mas não posso mais me apoiar na inocência. Eu nunca fui dona da minha história. Eu nunca fui protagonista da minha vida. Talvez um dia, quando eu me tornar mais mulher, mais madura, eu possa decidir algo sobre mim. Meu rosto não é meu. Meu cabelo não é meu. Meu olhar não é meu. Eu não me pertenço. Eu também não sei fazer a revolução, mestre. Mas seria lindo assisti-lá, poucos aprendizes. Temo que tudo isso não passe de ilusões dos homens. Adeus meus queridos, torço por vocês."
Frases da Semana: A única coisa que ansiamos em nossos dias de vida, que nos faz gemer e suspirar e nos submetermos a todos os tipos de náuses singelas, é a lembrança de uma algria perdida que provavelmnte foi experimentada no útero e que somente poderá ser reproduzida(apesar de odiarmos admitir isto) na morte. - Sal Paradise, personagem do livro On the Road (que eu releio 30x).
Não tem nada mais a fazer do que seguir o ritmo. - Dean, também de On the Road
E sobre a melancolia... Depois da melancolia de Dakar (uma cidade dos EUA), ele passou por uma fase terrível, chamando-a de Sagrada Melancolia.
Acontecimentos da semana: Sabe o menino rico do post de baixo, hoje é meu namorado. Me enganei, infelizmente ele não é rico, mas pode me pagar um café no Franz Café. Analizem: alto, bonito, carinhoso, usa sapatos, trabalha todas as tardes, pede a conta em francês, me manda botões de rosas e me dá chocolates suíços. Impossível de não apaixonar, aposto até que você, homem de 50 anos que é casado e tem filhos também ficou interessado. Pena que não estou pronta para casar, pois só sei ferver água, fritar omelete e fazer lasanha congelada!
Guia Cultural Heloisa Evelyn:
Ensaio sobre a Cegueira - Vamos para a crítica informal, o Fernando Meirelles é bom, consequentemente o filme é bem dirigido. A poética da obra de Saramago perdeu-se um pouco(duvidem disto pois li poucos trechos do livro). O filme causa desconforto; positivo, é claro, pois sai com vontade de visitar um azilo. Mostra como o ser humano pode ser escroto e individualista, e ao mesmo tempo mostra como ele precisa de outro de sua espécie. É sempre um prazer, e eu já comentei isto aqui, ver o anão gostoso ndo Gael em cena, seu personagem é o ditador da prisão dos cegos que rouba a todos e estupra as mulheres. Os momentos mais marcantes foram o estupro, quando eles escutam a música no rádio (mais uma vez a arte ajuda o ser humano) e quando Gael canta no microfone: I just called to say I love you. É, vale a pena pessoar!
Hygiene - peça do grupo XIX de teatro que está em cartaz todos os sábados e domingos na Vila Maria Zélia (uma antiga Vila de Operários perto do metrô Belém) aos sábados e domingos, 16:00hrs. O grupo é o seguinte, um monte de ator bão e inteligente que pesquisou sobre a Higiene no Brasil, desde o séc. XIX. E durante um longo processo, escrevem, improvisam e montam em cima do tema, a peça. Eles falam de comoa higiene oprime, e oprimiu, a população. Citaram imigrantes que não conseguiram embarcar no navio por ter roupas sujas em sua bagagem (personagem de Sara Antunes), falam de imigrantes que continham doenças e que foram mortos a favor da higiene.(personagem de Mariana Armellini) de um médico italiano e revolucionário que veio ao Brasil (o próprio diretor, Luis Fernando, fez o personagem no dia pois caiu uma tábua na cabeça do ator) e etecetros personagens. A poesia é maravilhosa, as interações são frequentes e engraçadas. A pesquisa é evidente. A peça começa em frente a uma igreja e acaba num cortiço. Me sentia dentro de uma fotografia do Séc. XIX. Assistam, e assistam mesmo. Eu acho um dos melhores grupos de teatro e acho que para o seu bem, você deve confiar me mim. Depois eles reestréiam Arrufos, uma peça sobre o amor que também é maravilhosa.
História de Quadros e Leitores - Um desafio feito a alguns escritores contemporâneos pela Professora de letras da Unicamp, Maruisa Lajolo, que é: fazer um conto a partir de um quadro, querendo resgatar a ligação entre pintura e poesia, que era muito mais forte em outras épocas. Muitos contos bons, destaco o de Loyola Brandão, o do Ferreira Gullar e um que se chama Confissões, que eu não lembro o nome do autor.
"pintura é poesia muda, e poesia é pintura falada" - frase do livro.
Bizarrices... Escutei o CD do Roberto Justos, e não fala sobre como negociar com seu prestador ou como vender mais para o cliente, não! Ele canta músicas! Acho que você não precisa de mais informações, só imaginar My Way e Yesterday naquela voz estável de empresário equilibrado, com uma boa guitarra improvisando atrás (boa por que ele pode comprar). Ele deve ter chamado (Sig. pagado horrores!) o mestre da ULM de canto lírico e ensaiado madrugadas exautivas, só para o primeiro versinho de My Way, eca! Bom, ele não desafina, mas o que problema é que não há razão de ser ou estar, é que nem colocar a Xuxa pra administar uma multinacional. Bom... Justus, um conselho pra ti! Continue cantando em seu chuveiro, a mamãe vai ouvir de qualquer jeito, pois só ela comprou o sei Cd, não é? Ou canta no ouvido da burra da sua namorada, pra ver se ela consegue fazer alguma coisa além de comprar roupas e fazer programas escrotos na TV!
Ah, cansei, só isto; me dêem boa sorte, que hoje é meu primeiro dia de inglês, lá na Cultura. E eu tô indo pra lá depois do violão. Beijo beijo. Agora pode fechar a pág. e começar a divagar sobre...